FEIRA DO LIVRO NA EB1/JI DE LAGOA

Vai realizar-se uma Feira do Livro, na Biblioteca da EB1/JI de Lagoa , de 13 a 16 de Dezembro.

NESTE NATAL, OFEREÇA UM LIVRO!

Questões de uma bibliotecária

Pediram-me que escrevesse o primeiro dos textos, um depoimento pessoal, com carácter mensal e rotativo, que sem ser um texto académico fosse ainda mais importante que isso, uma vez que o mesmo, e os que se seguirão servirão para manter vivo o blog do nosso grupo de bibliotecários.
Perante isto, não poderia deixar de  fazer valer as palavras em prol da consciência e, embora estas não sejam as palavras bem postas e embevecidas com que supostamente deveria começar, ver o grupo de trabalho de professores bibliotecários do município de Lagoa ter sido reduzido em dois dos seus elementos foi desconcertante. Perante tal facto, não posso deixar de ficar indiferente e referir que as mudanças educativas que o Ministério da Educação exigiu serem repentinamente postas em prática, com a junção dos Agrupamentos, e com a alteração da Portaria n.º 756/2009 de 14 de Julho, tivesse tamanho impacto, num só Agrupamento de Escolas: duas bibliotecas sem professores a tempo a inteiro, dois professores bibliotecários a menos, tudo em nome da rentabilização dos recursos, da eficácia e da eficiência. Apenas volvido um ano de vigência do referido diploma legal, o Ministério da Educação procede à revisão dos critérios de fixação dos professores bibliotecários com a Portaria n.º 558/2010 de 22 de Julho, atribuindo às escolas um professor bibliotecário para 400 alunos ou mais, dois professores bibliotecários para 1050 alunos ou mais, três professores bibliotecários para 2100 alunos. Contudo, estes cortes, não se coadunam com os argumentos a favor do investimento público na educação em que segundo a conclusão do relatório retirado de uma sessão de formação do Círculo de Estudos,  A Dimensão Económica da Literacia em Portugal: uma análise; Elementos principais da tese apresentada, este apresentou, para além de qualquer dúvida, que a literacia é um determinante de importância decisiva para o desenvolvimento económico e para o progresso social… a existência de proporções mais elevadas de adultos com baixas competências de literacia reforça o potencial de impacto da literacia nas taxas do PIB e do crescimento da produtividade do trabalho a longo prazo. Contra tudo o que foi referido, O M.E. não se inibe de fazer cortes drásticos na colocação de professores bibliotecários, de acarretar sobrecarga de funções e por fim, como acção motivadora anuncia cortes salariais, em vencimentos superiores a mil e quinhentos euros que, tal como programado, afectará uma grande maioria dos professores!
Por tudo isto é caso para nos interrogarmos e perguntarmos ao M.E.:

Que futuro tem a figura do professor bibliotecário a tempo inteiro?
Será a carreira de professor bibliotecário uma verdadeira carreira?
Valerá a pena investir na formação na área das bibliotecas escolares?

Estas e outras questões inquietam-me e deixam-me indecisa quando se trata de fazer projectos profissionais para o futuro, de investir na formação e na especialização, de nela me poder rever  e sobretudo de a poder ter como um caminho profissional estável e viável.

Outubro de 2010
Rosário Ferreira