As bibliotecas escolares são essenciais

Artigo publicado no Diário de Notícias, no dia 28 de Junho de 2011,  de autoria de  MARGARIDA TOSCANO, PROFESSORA E MEMBRO DO GABINETE DA REDE DE BIBLIOTECAS ESCOLARES

No novo contexto informacional em que vivemos, resultado do desenvolvimento das tecnologias e da Internet, em particular, é fundamental que a escola seja capaz de preparar jovens que, para além de um leque de conhecimentos, alguns axiais como a língua materna e a matemática, dominem um conjunto de competências complexas no que à informação diz respeito. Para responder a essa exigência, as bibliotecas escolares são um bem educativo e cultural essencial.
As formas clássicas de produção, conservação e circulação do saber, intimamente ligadas ao livro e ao impresso, estão a alterar-se profundamente. Crianças e jovens são cada vez mais marcados pelo acesso e uso precoce duma grande parafernália tecnológica - telemóveis, consolas de jogos, mp3, computadores, ipads... -, uma grande apetência por conteúdos audiovisuais e, sobretudo, pela Internet. No final da escola aguarda-os um mercado de trabalho caracterizado pela mudança, flexibilidade, necessidade constante de adaptação e de trabalhadores cada vez mais qualificados. Vão mudar de emprego várias vezes e vão ter de continuar a aprender ao longo da vida.

TIC ALGARVE - 2011

III ENCONTRO DAS BIBLIOTECAS DO ALGARVE

O III Encontro de Bibliotecas Escolares do Algarve - 2011 realiza-se no Auditório Verde (Edifício 8) do Campus de Gambelas, no dia 28 de Junho, a partir das 09h30. Este encontro tem como  tema "Bibliotecas: Marcos de Leituras e Reflexões".

A participação é gratuita, sujeita à lotação da sala.
Inscrições:
http://ebealgarve2011.eventbrite.com/



A biblioteca escolar e o currículo ou o currículo da biblioteca escolar?

As palavras com a força de serem usadas perdem o brilho, são vulgarizadas no quotidiano e esvaziam-se, por vezes, de sentido real e de significado na ação.
Currículo, talvez seja uma daquelas palavras tão grande, tão cheia de outras palavras e talvez um pouco vazia em si mesma. Biblioteca e currículo, dito desta maneira até pode parecer que são dois elementos separados e que necessitam de encontrar um ponto comum para iniciarem uma trajetória
As bibliotecas estão para as escolas como a satisfação está para a necessidade. É no reconhecimento da necessidade de utilizar diferentes fontes de informação para construir conhecimento que as bibliotecas realizam as suas funções.
Ao longo dos tempos, a escola sempre desenhou o seu currículo de forma implícita ou explícita, subentendido como o programa de uma disciplina ou o somatório de várias, em que a tecnologia dominante, além do quadro preto, era o manual escolar. A relação vivencial com inúmeros conceitos subentendidos de currículo e uma panóplia de concretizações conceptuais sobre o mesmo, poderão ter originado um esvaziamento de priorização e concretizações de planificações centradas em designer curriculares.
Isto é, o currículo na escola pode concretizar-se através da aquisição de conteúdos em regime de exclusividade com os manuais escolares, pode concretizar-se através da “fraude” copista impressa, vulgarmente designada de ficha, pode concretizar-se através de práticas mistas e pode ainda concretizar-se através de trabalho de projeto curricular com base no conhecimento dos alunos e da turma, utilizando recursos e metodologias diversificadas. Esta perspetiva de currículo é a materialização de posicionamentos reflexivos da escola tendo por base investigações e estudos nacionais e internacionais que questionam o processo ensino aprendizagem e as competências a desenvolver pelos alunos à saída da escola básica, competências essas absolutamnete necessárias à actual sociedade. Currículo, sendo tudo aquilo que se espera que os alunos fiquem a saber no fim da sua passagem pela escola, então ele representa o conjunto de saberes e de aprendizagens dos aluno legitimado pela posse dos mesmos com “ sou capaz de..”
Hoje, compete à escola desenhar o seu currículo tendo presentes os princípios de adequação e flexibilidade alicerçado em experiências de aprendizagem ativas e significativas. Na interpretação deste modus operendi de currículo, desenvolvem-se práticas pedagógicas construtivistas de aprendizagem em que a escola necessita de uma biblioteca e a considera uma ferramenta essencial para executar o seu currículo escolar.
Não irão todos os alunos à escola para aprender?
Assim sendo, cabe à escola assegurar formação e informação a todos os alunos, desenvolvendo habilidades que favorecem a compreensão do mundo e a sua própria intervenção nele.
Os saberes da humanidade estão tradicionalmente registados em materiais impressos, passando pelo não livro até às informações disponíveis no grande espaço virtual: a Internet. Estes recursos informacionais, vistos como instrumentos de aprendizagem, além de estarem disponíveis nas escolas, nas bibliotecas escolares , é necessário que sejam utilizados no processo de construção de novos conhecimentos. Estas competências fazem parte da lista de competências gerais do currículo nacional. Mas assim sendo será que as bibliotecas escolares não têm com que se preocupar?
Segundo o Manifesto da Unesco a biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo, cabendo-lhe promover a concretização do currículo expresso no seu Projeto Educativo, o que a torna co-responsável pelo mesmo.
Para operacionalizar a integração da biblioteca na escola, o desenvolvimento das literacias e o apoio ao desenvolvimento curricular, a biblioteca vai ter que operacionalizar, dentro da comunidade que serve, uma dinâmica de trabalho em equipa com os diversos intervenientes da instituição escolar – órgãos de gestão, professores, técnicos, pais, alunos … a fim de contribuir para o desenvolvimento e qualidade da escola, assim sendo a integração da biblioteca no currículo torna-se ela própria a operacionalização do projeto educativo. Biblioteca e Escola contribuem para o mesmo fim e têm pontos comuns.
A ligação e a integração entre a biblioteca e a escola versus currículo destacam-se em duas dimensões : o incentivo à leitura e o desenvolvimento de competências de informação, competências estas essenciais a todos os alunos para a concretização de aprendizagens autónomas na escola e além escola.
O trabalho entre professores e professor bibliotecário, em torno de um projecto comum de desenvolvimento de competências de informação e de leitura, e sendo este um dos aspectos do currículo escolar mencionados nas áreas curriculares disciplinares não disciplinares e nas metas de aprendizagem, irá possibilitar a verdadeira integração da biblioteca na escola, quer pela sua natureza interdisciplinar, quer pela utilização variada de recursos, quer pela atribuição do sentido ao que é feito.
Fala-se de um currículo de bilbioteca?
Um dos principais objetivos da biblioteca escolar é desenvolver nos alunos competências de leitura, de sentido crítico, de informação, pelo que cabe às equipas das bibliotecas propor planos de trabalho ordenados, de forma sequencial nos anos de escolaridade para contemplar os níveis de aprendizagem de cada grupo, com a definição de prioridades. É importante que os alunos adquiram competências em leitura, em informação, porque estas habilidades são essenciais para ajudá-los a melhorar a sua aprendizagem. O acesso à grande quantidade de informação, hoje disponibilizada por diferentes meio, incluindo a Internet, torna a abordagem às competências de informação ainda mais importante. Os alunos precisam de adotar melhores estratégias de investigação e ser mais capazes de selecionar e rejeitar informação e ideias. O que acontece é que nem sempre estas competências são objeto de trabalho de escolas e nas bibliotecas.
Segundo Ross Todd, um dos desafios pedidos à biblioteca escolar assenta na análise de 5 desafios críticos:
1º: transformar a informação em conhecimento;
2º: trabalhar com evidências;
3º: construir redes;
4º: incorporar a Web 2.0 no espaço da biblioteca e
5º: “re-imaginar” as BEs.
Se os nossos alunos não forem capazes de pensarem informação de a transformar em nova informação ou em conhecimento próprio, qual a razão de ser da biblioteca escolar?
E uma biblioteca sem visão do que deve fazer na escola atual, é uma biblioteca às escuras, sem vista, sem luz, gasta. Será necessária?
Desenhar atuações, maneiras para levar os alunos a desenvolver pensamento crítico, a usar a tecnologia atitudes e valores éticos no uso da informação, é fazer um currículo de biblioteca?
Lagoa, Maio de 2011
Madalena Santos

ENTREGA DE PRÉMIOS DO CONCURSO LITERÁRIO

FEIRA DA CIDADANIA

Vai realizar-se de 1 a 4 de Junho , na Praça do Auditório Municipal de Lagoa, a Feira da Cidadania , uma iniciativa da Câmara Municipal de Lagoa.
Este evento integra igualmente a Feira do Livro e a Festa da Criança. É uma mostra de serviços e actividades sócio-educativas, culturais, desportivas  e recreativas.
Haverá  a dinamização de Expositores e Ateliers variados por parte de Instituições do concelho de Lagoa, a demonstração de actividades, espectáculos de música, dança e teatro , a apresentação de livros , bem como actividades de  divulgação da leitura e de  animação de rua.
A Feira encontra-se aberta ao público das 17h30 às 22h00.
Mais uma vez, o Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Lagoa estará presente neste evento , com o objectivo de divulgar o seu trabalho na promoção da leitura e literacia.
CONTAMOS COM A VOSSA VISITA!

Visita ao Arquivo Municipal de Lagoa

No dia 3 de Maio, os professores bibliotecários e a coordenadora do Grupo de Trabalho das Bibliotecas do concelho de Lagoa realizaram uma visita ao Arquivo Municipal, com o objectivo de ficar a conhecer o seu funcionamento, bem como o seu acervo documental. Esta visita contou com a colaboração da arquivista municipal que forneceu esclarecimentos e informações de grande interesse e utilidade.

Este arquivo, inaugurado a 6 de Setembro de 2002, situa-se no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, em frente à Biblioteca Municipal, no “antigo depósito de água”. O seu acervo documental é constituído por documentos municipais desde a criação do Concelho em 1773 até ao século XX e alguns documentos seiscentistas.
Profª Isabel Rosa





Alvará Régio de D. José, 1773

Selo real



Slip sliding away


Num dos contos recolhidos pelos irmãos Grimm, uma rapariga tinha de ir buscar água com uma peneira. A pobre jovem entrou em desespero porque… já se vê que as peneiras não são as vasilhas mais apropriadas para transportar líquidos! Houve alguém que se compadeceu da rapariga e lhe encontrou uma solução elegante e inesperada.

Que lição posso eu tirar deste conto para a minha vida?

Mais do que uma lição, sinto-o como uma metáfora de uma situação em que todo o trabalho que se possa investir está aquém do que se espera. É fácil sentirmo-nos pequenos perante uma tarefa que nos foi consignada e que sabemos que nunca será dada por concluída. É nesse momento que se começa a pensar que talvez se esteja a fazer a aposta errada e se começa a ponderar uma mudança de rumo. Não havendo uma redefinição das tarefas e um estabelecimento de metas realizáveis e razoáveis, esta jornada é dada por terminada. Olha-se à volta para ver se algum tareco ficou para trás e atira-se a talega para cima do ombro. Despede-se uma última saudação aos amigos. Talvez para o ano nos reencontremos noutra ceifa.

We work our jobs

Collect our pay

You know the newer destination

The more you’re slip sliding away

                                                                                                                                       Paulo Sousa
                                     Professor Bibliotecário do Agrupamento Escolas Padre António Martins de Oliveira

O LADO DE DENTRO DA BIBLIOTECA...


É no contexto do desenvolvimento da escola enquanto sistema aberto e flexível que a Biblioteca Escolar assume a sua plena função de promotora de hábitos de leitura e condições de aprendizagem para todos, afirmando-se como o «Coração da Escola», o pólo dinamizador.
Neste âmbito, envolvemo-nos num novo ano lectivo. Nesse enleio depositamos todo o nosso empenho para que tudo decorra da melhor forma e que este ano seja marcado pelo prazer:
«  O prazer de trabalhar na Biblioteca Escolar constituindo esta um contributo essencial para o sucesso educativo e um recurso fundamental para o ensino e para a aprendizagem;
«  O prazer de colaborar com todos os professores na identificação de recursos e no desenvolvimento de actividades conjuntas orientadas para o sucesso dos alunos;
«  O prazer de fomentar o gosto pela leitura e a aprendizagem ao longo da vida, promovendo os valores da cidadania;
«  O prazer de optimizar recursos tecnológicos e adequar os fundos documentais às necessidades;
«  O prazer de melhorar os serviços prestados e a satisfação dos utilizadores;
«  O prazer de contribuir para a afirmação e o reconhecimento do papel da Biblioteca;
«  O prazer de favorecer o desenvolvimento de competências na área das literacias da informação.
E porque acreditamos neste envolvimento, neste sonho, que esboçamos cuidadosamente todo um caminho a percorrer de modo a dar resposta a tudo e a todos que nos rodeiam.
No entanto, todo o desempenho que nos é exigido não depende da acção isolada da própria Biblioteca mas do envolvimento de outros actores – Direcção, Professores, Alunos, Assistentes Operacionais, Pais e Encarregados de Educação, implicando um compromisso de toda a Comunidade Escolar para que todo o processo seja cumprido.
É desta partilha e da inter-acção entre a BE e toda a comunidade escolar que dará consistência ao processo. Tudo depende da capacidade e do empenho de cada um de nós e das possibilidades que nos facultarem, pois as acções de melhoria que são introduzidas na BE não dependem somente da vontade de quem nela trabalha. É um desafio constante...
Mas todo o esforço é pouco, todo o empenho é fraco; a toda a hora estamos a ser solicitados para dar mais e mais. Tudo nos é pedido...
As exigências surgem a todos os níveis quer profissional quer socialmente…
Apesar de tudo isto, orgulhamo-nos de acompanhar e enriquecer o desenvolvimento daqueles que serão os homens de amanhã. A todos temos o prazer de oferecer um abraço a transbordar de palavras, de valores e de sonhos, esperando que acreditem que tudo é possível se todos colaborarem.
Assim se vai fazendo Biblioteca - uma caminhada pautada pela esperança, pela convicção de estar a dar e a receber o que de melhor uma Biblioteca pode oferecer...
Mas será que teremos força para tal?....

Janeiro de 2011
Emília Firmino