Recursos sobre micro-ficção (Encontro Interconcelhio na BM de Silves)



ENCONTRO INTERCONCELHIO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES

Realizou-se, no dia 12 de Julho, pelas catorze horas, na Biblioteca Municipal de Silves, um encontro interconcelhio de grupos de trabalho das Bibliotecas Escolares de Faro, Lagoa e Silves.
O encontro iniciou-se com uma visita guiada à Biblioteca Municipal de Silves,orientada pelo técnico superior Paulo Pires, que prestou vários esclarecimentos sobre o funcionamento da Biblioteca, seus utilizadores e actividades desenvolvidas.
De seguida, o Paulo Pires apresentou um projecto de Promoção de Leitura que tem desenvolvido com alunos da Escola Secundária e que tem por base o micro-conto. 
Após esta apresentação, teve lugar a palestra com a convidada,  Dr ª Maria José Vitorino. A conversa, conduzida pela coordenadora interconcelhia, Prof ª Madalena Santos, abordou aspectos vários sobre a Bibliotecas: a sua missão e formas de concretização, modelo de auto-avaliação, o papel do professor bibliotecário ...
Foi uma tarde agradável e de muita e proveitosa conversa...

Formação - Biblioteca Escolar - instrumento de desenvolvimento curricular

O Grupo de Trabalho das Bibliotecas do concelho de Lagoa promoveu, durante este ano lectivo,  um círculo de estudos intitulado " Biblioteca Escolar - Instrumento de desenvolvimento curricular".
Os trabalhos realizados no âmbito desta formação encontram-se disponíveis no blogue:
 BIBLIOTECA ESCOLAR - FORMAÇÃO:   

ENCONTRO DE GRUPOS DE TRABALHO

12 DE JULHO | 14.00h
BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SILVES
Encontro interconcelhio de GRUPOS DE  TRABALHO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES (Faro, Lagoa, Silves), com palestra pela
Dr.ª MARIA JOSÉ VITORINO
Org.: Coordenação interconcelhia da R.B.E.

Marketing nas Bibliotecas Escolares, para quê?

Os conceitos de Marketing estiveram no passado associados, quase em regime de exclusividade, às organizações com fins lucrativos, hoje tal não se verifica e a aplicabilidade do marketing saltou para a utilização em diversos tipos de organizações, incluindo as bibliotecas. Esta alteração também se deve à referência em documentos internacionais, como as Directrizes da IFLA (Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias) para as Bibliotecas Escolares.
O Marketing aplicado aos serviços de informação é um instrumento de gestão com o objectivo de identificar, antecipar e satisfazer as necessidades do utilizador, contribuindo para a concretização da Missão da Biblioteca Escolar. Assim, o Marketing servirá para promover os serviços e os recursos informativos, com o objectivo de satisfazer os utilizadores, razão pela qual a biblioteca existe. Sem utilizadores a biblioteca escolar não seria mais do que um local agradável, com um espaço acolhedor, mas com uma utilidade pouco clara perdendo a essência da sua missão: proporcionar informação e ideias para o sucesso, na sociedade actual, baseada na informação e no conhecimento e desenvolver competências para a aprendizagem ao longo da vida.
Em primeiro lugar, há que clarificar a missão da biblioteca escolar e os seus objectivos. Uma biblioteca escolar não existe só porque alguém a montou, mobilou e equipou, existe para que a sua comunidade de utilizadores realize aprendizagem, constituindo-se como um recurso fundamental na operacionalização do Projecto Educativo da Escola onde está inserida. Os utilizadores da biblioteca situam-se em dois grandes grupos : professores e alunos, não excluindo os outros grupos de utilizadores: encarregados de educação e comunidade educativa em geral.
A aplicação das ideias de marketing tem com finalidade ajustar a planificação e a gestão aos objectivos da biblioteca escolar e torná-los tangíveis. A primeira fase implica o conhecimento da organização biblioteca escolar: Qual a missão e os objectivos desta biblioteca, que serviços disponibiliza? Que colecção possuí, que necessidades têm os seus utilizadores? Será que é importante conhecer as necessidades dos diferentes segmentos de utilizadores?
As estratégias de marketing irão responder ao seguinte: o que será feito? Quando? Qual o resultado a atingir?
Desenvolver uma biblioteca escolar assenta em primeiro lugar na consciência da sua missão e da visão do que irá fazer no contexto que serve, num processo adaptado às necessidades.
A biblioteca, ao usar estratégias de marketing, delineia acções de promoção e de melhoria no sentido da qualidade dos seus serviços. Ao analisar toda a sua organização, estará a inovar o processo, no sentido em que acrescenta valor ao que já existe. Não se trata de um processo de acrescentar algo de novo, mas de mostrar e de demonstrar  as potencialidades do que já existe, do que já concretiza. Também acontece transformação e inovação, na medida em que os modelos lineares de planificação e de actuação são questionados e dão lugar a modelos pro-activos, que têm como objectivo ajustar os serviços aos utilizadores com o foco de trabalho na missão, nos objectivos e na qualidade dos serviços.
Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou (Vitor Hugo)
Madalena Santos

A BIBLIOTECA NA FEIRA DA CIDADANIA

Lagoa, 30 de Maio de 2010
Sair à rua
Saio à rua e vejo a vizinha que mora mesmo ao lado, o filho de alguém, rapaz que balanceia o corpo na negação do caminho dos deveres impostos de futuro.
O marido de qualquer vizinha que trabalha nas Finanças, na loja dos telemóveis ou noutro sítio qualquer.
 O carteiro que carrega deveres, obrigações, esperanças, fechadas em rectângulos. A carrinha do padeiro e até o cheiro do restaurante.
Há pão, há trabalho, há letras, há dúvidas, há insatisfações misturadas numa mesma rua.
Rua, retalho de mundo, rua ligação de vontades, rua espaço aberto ao céu.
Nas ruas há casas abertas e fechadas e há uma grande casa aberta a olhar eternamente, perdidamente apaixonada pela rua, pelo mundo: a Biblioteca.
E há dias, em que até as bibliotecas se gostam de mostrar e com o mesmo à vontade que estão dentro de portas instalam-se na tenda, mesmo no meio da rua, debaixo de um sol convicto e simplesmente abrem as cortinas e convidam todos os passeantes a olhar, olhar para si, para os outros e a deixarem interrogações de caminhos, de ruas já percorridas.
O rapaz que balanceia o corpo não entra na tenda, os balanços são tão fortes que receia as suas consequências, a vizinha olha, acha bonito, nada pergunta com receio de parecer fora do mundo, um marido qualquer aprova com a cabeça, esboça um sorriso e todos os gestos ficam de acordo com o seu pensamento: a educação necessita, necessitará sempre de reforços e a cidadania, certamente, passará por aqui.
As crianças entram, com quem entra na sua casa e instalam-se, e mexem, e remexem e decidem-se, quero isto, não quero aquilo. Quero “ir” ao Magalhães” , quero fazer um desenho, quero ler, quero pintar. Quero, a vontade expressa de quem sabe o que procura ou o conforto da decisão.
Na grande praça do Auditório Municipal estão mais de quarenta tendas de agrupamento de escolas, de associações, de instituições, insufláveis, o palco para os grandes espectáculos de animação, o auditório para os seminários e encontros com escritores e outros, a grande tenda da feira do livro responsabilidade da Biblioteca Municipal e a tenda das Bibliotecas Escolares, no mesmo terreiro, fazendo parte de um todo, mostrando-se e mostrando que o seu lugar é no mundo vivo, no meio da gente, dialogando com quem passa e deixando as marcas da sua existência.
Entra uma criança e faz questão de partilhar a sua nova aquisição, um livro que o pai lhe comprou. Carrega-o com vaidade, qual tesouro, só dela. A professora, que está na tenda, ouve-a e esfrega as mãos, uma contra a outra, em pleno contentemento, aperta a sua voz no mais fundo de si e delicia-se no seu trabalho.

Madalena Santos
Coordenadora inter-concelhia RBE