TIC ALGARVE - 2011

III ENCONTRO DAS BIBLIOTECAS DO ALGARVE

O III Encontro de Bibliotecas Escolares do Algarve - 2011 realiza-se no Auditório Verde (Edifício 8) do Campus de Gambelas, no dia 28 de Junho, a partir das 09h30. Este encontro tem como  tema "Bibliotecas: Marcos de Leituras e Reflexões".

A participação é gratuita, sujeita à lotação da sala.
Inscrições:
http://ebealgarve2011.eventbrite.com/



A biblioteca escolar e o currículo ou o currículo da biblioteca escolar?

As palavras com a força de serem usadas perdem o brilho, são vulgarizadas no quotidiano e esvaziam-se, por vezes, de sentido real e de significado na ação.
Currículo, talvez seja uma daquelas palavras tão grande, tão cheia de outras palavras e talvez um pouco vazia em si mesma. Biblioteca e currículo, dito desta maneira até pode parecer que são dois elementos separados e que necessitam de encontrar um ponto comum para iniciarem uma trajetória
As bibliotecas estão para as escolas como a satisfação está para a necessidade. É no reconhecimento da necessidade de utilizar diferentes fontes de informação para construir conhecimento que as bibliotecas realizam as suas funções.
Ao longo dos tempos, a escola sempre desenhou o seu currículo de forma implícita ou explícita, subentendido como o programa de uma disciplina ou o somatório de várias, em que a tecnologia dominante, além do quadro preto, era o manual escolar. A relação vivencial com inúmeros conceitos subentendidos de currículo e uma panóplia de concretizações conceptuais sobre o mesmo, poderão ter originado um esvaziamento de priorização e concretizações de planificações centradas em designer curriculares.
Isto é, o currículo na escola pode concretizar-se através da aquisição de conteúdos em regime de exclusividade com os manuais escolares, pode concretizar-se através da “fraude” copista impressa, vulgarmente designada de ficha, pode concretizar-se através de práticas mistas e pode ainda concretizar-se através de trabalho de projeto curricular com base no conhecimento dos alunos e da turma, utilizando recursos e metodologias diversificadas. Esta perspetiva de currículo é a materialização de posicionamentos reflexivos da escola tendo por base investigações e estudos nacionais e internacionais que questionam o processo ensino aprendizagem e as competências a desenvolver pelos alunos à saída da escola básica, competências essas absolutamnete necessárias à actual sociedade. Currículo, sendo tudo aquilo que se espera que os alunos fiquem a saber no fim da sua passagem pela escola, então ele representa o conjunto de saberes e de aprendizagens dos aluno legitimado pela posse dos mesmos com “ sou capaz de..”
Hoje, compete à escola desenhar o seu currículo tendo presentes os princípios de adequação e flexibilidade alicerçado em experiências de aprendizagem ativas e significativas. Na interpretação deste modus operendi de currículo, desenvolvem-se práticas pedagógicas construtivistas de aprendizagem em que a escola necessita de uma biblioteca e a considera uma ferramenta essencial para executar o seu currículo escolar.
Não irão todos os alunos à escola para aprender?
Assim sendo, cabe à escola assegurar formação e informação a todos os alunos, desenvolvendo habilidades que favorecem a compreensão do mundo e a sua própria intervenção nele.
Os saberes da humanidade estão tradicionalmente registados em materiais impressos, passando pelo não livro até às informações disponíveis no grande espaço virtual: a Internet. Estes recursos informacionais, vistos como instrumentos de aprendizagem, além de estarem disponíveis nas escolas, nas bibliotecas escolares , é necessário que sejam utilizados no processo de construção de novos conhecimentos. Estas competências fazem parte da lista de competências gerais do currículo nacional. Mas assim sendo será que as bibliotecas escolares não têm com que se preocupar?
Segundo o Manifesto da Unesco a biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo, cabendo-lhe promover a concretização do currículo expresso no seu Projeto Educativo, o que a torna co-responsável pelo mesmo.
Para operacionalizar a integração da biblioteca na escola, o desenvolvimento das literacias e o apoio ao desenvolvimento curricular, a biblioteca vai ter que operacionalizar, dentro da comunidade que serve, uma dinâmica de trabalho em equipa com os diversos intervenientes da instituição escolar – órgãos de gestão, professores, técnicos, pais, alunos … a fim de contribuir para o desenvolvimento e qualidade da escola, assim sendo a integração da biblioteca no currículo torna-se ela própria a operacionalização do projeto educativo. Biblioteca e Escola contribuem para o mesmo fim e têm pontos comuns.
A ligação e a integração entre a biblioteca e a escola versus currículo destacam-se em duas dimensões : o incentivo à leitura e o desenvolvimento de competências de informação, competências estas essenciais a todos os alunos para a concretização de aprendizagens autónomas na escola e além escola.
O trabalho entre professores e professor bibliotecário, em torno de um projecto comum de desenvolvimento de competências de informação e de leitura, e sendo este um dos aspectos do currículo escolar mencionados nas áreas curriculares disciplinares não disciplinares e nas metas de aprendizagem, irá possibilitar a verdadeira integração da biblioteca na escola, quer pela sua natureza interdisciplinar, quer pela utilização variada de recursos, quer pela atribuição do sentido ao que é feito.
Fala-se de um currículo de bilbioteca?
Um dos principais objetivos da biblioteca escolar é desenvolver nos alunos competências de leitura, de sentido crítico, de informação, pelo que cabe às equipas das bibliotecas propor planos de trabalho ordenados, de forma sequencial nos anos de escolaridade para contemplar os níveis de aprendizagem de cada grupo, com a definição de prioridades. É importante que os alunos adquiram competências em leitura, em informação, porque estas habilidades são essenciais para ajudá-los a melhorar a sua aprendizagem. O acesso à grande quantidade de informação, hoje disponibilizada por diferentes meio, incluindo a Internet, torna a abordagem às competências de informação ainda mais importante. Os alunos precisam de adotar melhores estratégias de investigação e ser mais capazes de selecionar e rejeitar informação e ideias. O que acontece é que nem sempre estas competências são objeto de trabalho de escolas e nas bibliotecas.
Segundo Ross Todd, um dos desafios pedidos à biblioteca escolar assenta na análise de 5 desafios críticos:
1º: transformar a informação em conhecimento;
2º: trabalhar com evidências;
3º: construir redes;
4º: incorporar a Web 2.0 no espaço da biblioteca e
5º: “re-imaginar” as BEs.
Se os nossos alunos não forem capazes de pensarem informação de a transformar em nova informação ou em conhecimento próprio, qual a razão de ser da biblioteca escolar?
E uma biblioteca sem visão do que deve fazer na escola atual, é uma biblioteca às escuras, sem vista, sem luz, gasta. Será necessária?
Desenhar atuações, maneiras para levar os alunos a desenvolver pensamento crítico, a usar a tecnologia atitudes e valores éticos no uso da informação, é fazer um currículo de biblioteca?
Lagoa, Maio de 2011
Madalena Santos