A Minha Biblioteca

Reflecti durante algum tempo naquilo que poderia escrever sobre o tema - Bibliotecas.
Entristece-me pensar que nada de realmente singular poderei dizer-vos, a vós, colegas Bibliotecários, que muito prezo e que tão bem compreendem o que é “ter“ uma biblioteca.
Se vos disser que é com alegria que todas as manhãs abro a porta da minha biblioteca soará a um lugar-comum, mas é isso que sinto, sobretudo adoro sentir o odor dos livros, o burburinho que vem das salas de aula ou a azáfama provocada pela visita de uma turma.
A minha biblioteca, gosto de dizê-lo, está a tornar-se minha amiga de verdade, está mais colorida, mais vibrante, mais minha. Cada dia que passa é como se a ouvisse dizer-me o quão só ela por vezes se sentiu, o quão desprezada e infeliz na sua “prisão de livros”.
A minha biblioteca já sorri, já respira, já esqueceu as horas de tédio em que poucos a visitavam. Agora palpita de alegria quando os meninos entram, mesmo que corram, pequenos visitantes com um sorriso rasgado nas caritas marotas.
Às vezes dou por mim, esquecida das horas, embrenhada a pensar no muito que ainda me falta fazer para tornar este lugar uma verdadeira “caverna de Ali Babá das histórias e dos saberes”, onde os meus leitores “en herbe” poderão ainda conhecer o Moby Dick, o Tom Sawyer, Os Três Mosqueteiros, o Principezinho, Os Cinco, o Zezé (O Meu Pé de Laranja Lima), os animais das fábulas de La Fontaine, heróis inesquecíveis da minha infância, mas também todos os novos heróis infanto-juvenis que estão na berra e que serão mais fascinantes para eles.
Na minha modesta biblioteca, de livros muito danificados e gastos de tanto serem manuseados pelas mãos ávidas das crianças, sopra uma lufada de ar fresco que vem destes utilizadores de palmo e meio, cheios de uma curiosidade insaciável, genuína, que não poderei deixar morrer.
Por eles e para eles a Biblioteca É!
Um bem-haja para todos os colegas Bibliotecários!

Susana Frikh
( Professora Bibliotecária da E.B.1 de Lagoa)